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Curiosidades
de RIMINI
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Rimini,
onde Fellini nasceu
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"Amarcord"
conta igualmente a história de uma província, uma cidade onde
todos se conhecem (a cidade costeira de Rimini, onde Fellini nasceu).
Fechada para o mundo externo e sem contacto com o mundo interno. Retrata-se
nela uma ignorância colectiva, uma confusao de conceitos. Nao há
heróis, há cidadaos. Cidadaos com pensamentos provincianos,
que acreditam numa autoridade, simbolizada nas figuras do pai, do partido,
da igreja e do ministro. Todos esses símbolos criticados comicamente,
uma comicidade dolorosa. Figuras que muitas vezes decepcionam, que estao
fora de ordem. Primeiramente podemos perceber que há um clima entediante. Este tédio, essa ignorância, resulta da idiotice, fazendo com que pessoas sejam atraídas para uma grande fogueira e ao redor dela percam muito do seu tempo ou até mesmo se sujeitem a esperar durante horas e horas pela passagem do navio Rex. Tudo passa a ser um ritual. A Igreja é uma instituiçao onde a crítica de Fellini é impiedosa. Um dos momentos recordáveis e notórios é quando Titta se vai confessar. A confissao é interrompida várias vezes, pois o padre está mais preocupado com a estética do altar e dos vasos da Igreja do que com a confissao do rapazito. Daí surge a pergunta, onde está Deus no seu representante, o padre? O Fascismo, tao odiado nos dias de hoje, é também banalizado por Fellini. Quando comandantes do sistema chegam r província para um desfile, nada se ve, a fumaça do comboio invade a rua e só depois de alguns minutos é que se vislumbra o batalhao. Todos com caras fechadas, correndo, transpondo o ridículo. A banda sonora composta por Nino Rota, como nao poderia deixar de ser, é fantástica... da palavra fantasia. É inimaginável o filme sem ela. A música serve como um elemento da comicidade e da dramaticidade, tornando o filme completo. Destaque também para a fotografia de Giuseppe Rotunno, que faz da câmara um personagem que tudo ve, sem ser percebido. Uma das sequencias em que nos sentimos participantes, ou melhor, espectadores de uma certa 'realidade' é o almoço na casa de Titta. Lá o pai, símbolo autoritário, mas desrespeitado, gera conflitos com o filho e com a mulher. Características de ignorância e da cultura italiana estao inseridos de forma absoluta. A câmara passeia por entre o corredor apertado da cozinha. Estamos dentro do almoço. A genialidade de Fellini está aí exposta quando vários elementos podem ser percebidos. O avô que belisca o traseiro da empregada, a mae que desperta uma certa angústia diante do marido, o cunhado, cheio de manias que separa a ingredientes da sopa e continua a comer mesmo depois do pai de Titta puxar a toalha da mesa. Tudo acontece ao mesmo tempo. Quando a cena acaba, pedimos mais. No restante do filme temos mais, muito mais. "Amarcord" deve ser visto diversas vezes, muita coisa passa despercebida. Muita simbologia, muitos detalhes se perdem, principalmente quando temos de ler as legendas. Já numa segunda vez, podemos desprender-nos delas e olhar mais para as imagens e perceber detalhes que nos surpreendem. Federico Fellini nasceu em 1920, na cidade italiana de Rimini, e faleceu em 1993. Foi repórter, humorista, desenhador e vendia piadas para comediantes. No cinema, trabalhou com Roberto Rossellini, contribuindo para a origem do cinema neo-realista. Dirigiu "Luci del varietr", juntamente com Alberto Lattuada, em 1950, antes de começar a carreira a solo de realizador. Filmes como "La Dolce Vita" (1960), "Oito e Meio" (1963) e "La Nave Va" (1984), entre outros, demonstram com um certo exagero a irónica fragilidade dos seres humanos. Tanto que, quando se diz que um filme é 'felliniano', significa que será inusitado - talvez chocante - e que, com certeza, provocará reflexoes. Pouco antes de falecer, o realizador foi homenageado com um Oscar especial pela Academia de Artes e Ciencias Cinematográficas de Hollywood. A estrear em cópia nova, "Amarcord" é uma das obras primas imprescindíveis de Fellini, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1974. É um filme impressionante, que jamais iremos esquecer. Um filme cuja comicidade é dolorosa! |
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